O Facebook pediu a vários hospitais dos EUA que compartilhassem dados anônimos sobre seus pacientes, como informações sobre doenças e prescrição, para um projeto de pesquisa proposto. O Facebook pretendia combiná-lo com os dados do usuário coletados e ajudar os hospitais a descobrir quais pacientes podem precisar de cuidados ou tratamento especial.
A proposta nunca passou das fases de planejamento e foi colocada em pausa depois que o escândalo de vazamento de dados da Cambridge Analytica levantou preocupações públicas sobre como o Facebook e outras pessoas coletam e usam informações detalhadas sobre os usuários do Facebook.
“Este trabalho não passou da fase de planejamento e não recebemos, compartilhamos ou analisamos os dados de ninguém”, disse um porta-voz do Facebook à CNBC.
Mas, no mês passado, a empresa estava conversando com várias organizações de saúde, incluindo a Stanford Medical School e a American College of Cardiology, sobre a assinatura do acordo de compartilhamento de dados.
Embora os dados compartilhados obscurecessem informações de identificação pessoal, como o nome do paciente, o Facebook propôs o uso de uma técnica comum de ciência da computação chamada “hashing” para combinar indivíduos que existiam em ambos os conjuntos. O Facebook diz que os dados teriam sido usados apenas para pesquisas conduzidas pela comunidade médica.
O projeto poderia ter levantado novas preocupações sobre a enorme quantidade de dados que o Facebook coleta sobre seus usuários e como esses dados podem ser usados de maneiras que os usuários nunca esperavam.
Essa questão ficou em destaque após relatórios que a Cambridge Analytica, uma organização de pesquisa política que trabalhou para Donald Trump, conseguiu indevidamente informações detalhadas sobre os usuários do Facebook sem sua permissão. Em seguida, tentou usar esses dados para direcionar anúncios políticos para eles.
O Facebook disse na quarta-feira que até 87 milhões de dados de pessoas podem ter sido compartilhados dessa forma. A empresa anunciou recentemente novas políticas e controles de privacidade destinados a restringir o tipo de dados que coleta e compartilha e como esses dados podem ser usados.
O esforço exploratório para compartilhar dados médicos foi liderado por um cardiologista intervencionista chamado Freddy Abnousi, que descreve sua função no LinkedIn como "liderar projetos ultrassecretos". Estava sob a supervisão de Regina Dugan, chefe do grupo de projetos experimentais “Building 8” do Facebook, antes de ela sair em outubro de 2017.
A proposta do Facebook, segundo duas pessoas que ouviram e uma que conhece o projeto, era combinar o que um sistema de saúde sabe sobre seus pacientes (como: pessoa tem doença cardíaca, tem 50 anos, toma 2 medicamentos e fez 3 viagens ao hospital este ano) com o que o Facebook sabe (como: usuário tem 50 anos, é casado e tem 3 filhos, inglês não é o idioma principal, se envolve ativamente com a comunidade enviando muitas mensagens).
O projeto então descobriria se essa informação combinada poderia melhorar o atendimento ao paciente, inicialmente com foco na saúde cardiovascular. Por exemplo, se o Facebook pudesse determinar que um paciente idoso não tem muitos amigos próximos ou muito apoio da comunidade, o sistema de saúde pode decidir enviar uma enfermeira para fazer o check-in após uma cirurgia de grande porte.
As pessoas se recusaram a ser nomeadas porque foram solicitadas a assinar acordos de confidencialidade.